Crédito no Brasil cresce até 8,6% em 2024 se superar obstáculos
Por: LinkedIn Notícias
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O crédito move a economia. E é o sistema financeiro e o mercado de capitais, onde atuam os profissionais de finanças, que irrigam o país com esse instrumento. No comércio, por exemplo, de cada R$ 100 reais que as pessoas recebem em empréstimos, R$ 80 reais viram consumo que abastece os caixas de lojistas, segundo pesquisas da CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo. Quanto mais crédito, maior o consumo – item que representa 63% do Produto Interno Bruto do país.
A boa notícia dada por economistas de algumas das principais entidades que atuam nesse mercado é que o crédito vai crescer mais em 2024 do que o ritmo de expansão visto neste 2023. A expectativa é a de que o ritmo de aumento passe dos estimados 7%, em 2023, para até 8,6% da carteira total, de R$ 5,6 trilhões – R$ 3,4 trilhões para pessoas físicas e R$ 2,2 trilhões para empresas, segundo o Banco Central.
Mas os especialistas destacam dois pontos de atenção. O primeiro é que esse crescimento ainda será inferior à média de 15% vista em 2021 e 2022. O segundo é que há obstáculos no radar: o ainda elevado nível de inadimplência das famílias, e eventuais mudanças de regras, como tabelamento de taxas, que podem desestimular a oferta de empréstimos.
Bancos vão emprestar mais
Os bancos projetam um crescimento do crédito no Brasil chegando a 8,3%, segundo pesquisa da Febraban acima da taxa de 7% estimada para 2023. O gerente de assuntos econômicos da entidade, Fernando Castelli, destacou que esse avanço será maior que o apurado em 2023, mas ainda inferior às taxas de 15% vistas em 2021 e 2022.
Em entrevista ao LinkedIn Notícias, Castelli listou os fatores que vão permitir a melhora desse cenário em 2024 após os ajustes em 2023.
- Normalização do segmento de empresas, após crise provocada por recuperação judicial de Americanas e outras grandes companhias
- Redução da taxa básica de juros Selic
- Queda do desemprego e aumento da renda
- Redução da inadimplência
Fintechs em busca de reação
Esse também é o cenário traçado pelas fintechs de crédito e bancos digitais, que esperam retomar o ritmo de crescimento de concessões.
O segmento fechou 2022 com uma oferta de crédito de R$ 14 bilhões, quando o ritmo de crescimento caiu de 95%, em 2021, para 9%.
Segundo o presidente da ABCD (Associação Brasileira de Crédito Digital), Sandro Reiss, o crédito vai crescer mais em 2024 por avanços nos dois lados do mercado.
- Na demanda, pela melhora dos indicadores de emprego e de renda
- Na oferta, pelo impacto de mudanças regulatórias – como o Marco das Garantias, dos meios de pagamentos e do open finance – que aumentaram a segurança jurídica para a oferta de crédito
Nessa entrevista ao LinkedIn Notícias, Reiss disse a retração de mercado levou os grandes bancos a focarem nos públicos mais seguros. Assim, vai sobrar mais espaço para as fintechs que identificam oportunidades para oferecer produtos em condições mais baratas, fáceis de usar e justas para o cliente.
Obstáculos no radar
Mas, se algumas mudanças regulatórias devem ajudar o crescimento do crédito em 2024, outras alterações de regras, ainda em discussão, podem atrapalhar essa tendência, afirma Felipe Tavares, economista-chefe da CNC – Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo.
Ele alerta que o percentual de famílias com dívidas a vencer ainda é elevado, de 76,9%, e que o volume de consumidores afirmando que não terão condições de pagar dívidas atrasadas, de 13%, é maior que os 10,6% de um ano atrás.
Nessa entrevista, Tavares disse que propostas que limitam modalidades, como no parcelada sem juros, no cartão e no consignado do INSS, podem emperrar a engrenagem do crédito.
Educação financeira
Profissionais defendem que regras que limitam a concorrência podem afetar a expansão do crédito em um momento em que a educação financeira vem amadurecendo no país.
Para o presidente da ANBC – Associação Nacional dos Bureaus de Crédito, Elias Sfeir, o brasileiro está mais atento a ferramentas, como pontuação de crédito, para escolher as melhores condições para contratar empréstimos e financiamentos.
Nessa entrevista, ele disse como esse fator pode apoiar um avanço, de até 8,6%, na carteira de crédito para pessoas físicas no Brasil no ano que vem.
Pilares do crédito em 2024: O economista Luiz Castelli, gerente de assuntos econômicos da FEBRABAN, listou os fatores que vão sustentar o avanço do crédito em 2024. Segundo ele, no lado da demanda, o mercado de trabalho está aquecido, o desemprego tem recuado, assim como a inflação e a taxa de juros – fatores que alimentam uma demanda mais saudável por crédito.
Americanas fecha acordo: Fonte de parte da crise de crédito neste ano, a Americanas, em recuperação judicial, assinou acordo com credores donos de 35% da dívida da companhia. Os termos incluem o pagamento a trabalhadores e pequenos empreendedores e de dívidas de até R$ 12 mil, além de um aporte de R$ 24 bilhões na companhia, sendo metade disso bancada pelos acionistas de referência Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sucupira. A proposta será votada em assembleia dia 19 de dezembro.
Saúde financeira: Em tempos de oferta de crédito ainda seletiva, o dinheiro preocupa mais o brasileiro que saúde, família e trabalho. Segundo pesquisa da fintech Onze em parceria com a seguradora Icatu, 71% dos entrevistados dizem que são afetados emocionalmente por problemas financeiros e outros 39% admitem ter o trabalho impactado negativamente por esse fator.
Fenalaw: O Direito é um dos pilares que sustentam os mercados financeiro e de capitais, garantindo que o setor possa viabilizar projetos sempre apoiados na lei e nos marcos regulatórios. Por isso, a troca de experiências entre profissionais de finanças e advogados é parte da carreiras nos dois setores. Exemplo disso foi a edição de 20 anos da Fenalaw – a maior e principal Feira Congresso para o mercado jurídico da América Latina. O evento atraiu 2 mil congressistas, 500 palestrantes, 140 expositores e sete mil visitantes. O LinkedIn esteve lá.