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Como o crédito afeta o nosso bem-estar

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Este artigo é um convite para refletirmos sobre a importância do crédito para o bem-estar dos consumidores.

Nossa reflexão começa com uma pergunta: por que razão alguém decide tomar um empréstimo e pagar juros em troca? Uma das explicações fornecidas pela teoria econômica é que os consumidores ampliam seu bem-estar suavizando os custos desse consumo ao longo da vida. Graças ao mercado de crédito, é possível usufruir no tempo presente e pagar com renda futura antecipando sonho e projetos.

Essa suavização do consumo depende de um sistema financeiro e de um mercado de crédito que funcionem, permitindo que os consumidores contratem empréstimos quando quiserem ampliar o consumo presente e que tenham acesso quando quiserem aumentar o consumo futuro.

A realidade, no entanto, é um pouco mais complexa. No mercado de crédito, as decisões dos credores são afetadas pela percepção do risco embutido nas operações. Além da natural incerteza futura, a assimetria de informação representa outro importante entrave à oferta de crédito. Diante dessas dificuldades, consumidores que eventualmente desejem antecipar o consumo de algum bem podem deparar-se com restrições de crédito, mesmo tendo capacidade de pagamento.

No caso da assimetria da informação, o setor de birôs de crédito atua diretamente para atenuar seus reflexos e tornar o mercado de crédito mais eficiente, sustentável e acessível. Os birôs são, portanto, agentes de ampliação do bem-estar dos consumidores, possibilitando a antecipação do consumo de bens de alto valor, como imóveis e veículos. Por muito tempo, a análise de crédito foi baseada apenas em registros de inadimplência. Agora o mercado conta com vários outros registros, como as informações positivas dos consumidores, que aumentam a efetividade dos modelos de crédito.

Se tivessem que contar apenas com a poupança, muitos consumidores só atingiriam o objetivo da casa própria ao final da vida. Além dos sonhos de consumo, o mercado de crédito pode ser utilizado para construir um pequeno negócio – em outras palavras, para construir um meio de vida.

Durante a pandemia, testemunhamos como o crédito foi fundamental para a manutenção de um mínimo de normalidade. Em meio a todas as incertezas e prejuízos decorrentes da situação, famílias e empresas obtiveram no mercado de crédito recursos para a travessia desse período. Essa decisão foi baseada na expectativa de que, superada a crise, seria possível arcar com os compromissos assumidos. Do lado da oferta, as ações governamentais e de empresas privadas mostraram-se decisivas para atender à demanda por recursos. Credores abriram-se para as repactuações de dívidas, o que postergou o fluxo financeiro e preservou o fluxo econômico. Uma postura mais rígida, de aumento das restrições de crédito, teria resultado, provavelmente, no encerramento de muitas empresas, o que no futuro poderia afetar os próprios credores.

Voltando à pergunta que abre este artigo, sobre as razões que levam alguém a tomar um empréstimo e pagar juros em troca, a resposta é a busca pelo bem-estar, uma vez que o acesso a instrumentos de crédito possibilita que os consumidores transfiram a renda ao longo do tempo. A face social do crédito se revela em questões como atenuar incertezas e seus impactos na mente das pessoas, ameaça da perda de renda, restrições de consumo, ansiedade gerada pelo excesso de informação, entre outros. Ao tomador de crédito cabe a responsabilidade de consumir conscientemente, de modo a evitar o descontrole nos gastos e sua consequência mais grave, que é o superendividamento.

Todo o esforço regulatório e tecnológico para tornar o ambiente de crédito mais sólido e eficiente busca mais do que a simples expansão dessas operações. Um mercado de crédito próspero contribui duplamente para uma sociedade. Diretamente, porque permite aos cidadãos dessa sociedade antecipar recursos para adquirir bens ou para montar um negócio que melhore sua condição de vida. Indiretamente, porque o mercado de crédito é indutor de uma economia forte através da movimentação de recursos financeiro que por sua vez beneficia toda a sociedade.

 

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

 

 

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