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Jovens amazonenses entram no crédito sem preparo e impulsionam inadimplência no AM, diz especialista

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Fonte: acritica.com – 09/03/2025

O amazonense está “enraizado” no vermelho, segundo dados da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL), onde mais da metade da população do Estado está inadimplente, com dívidas, que somadas, variam de R$ 73,5 milhões a R$ 73,7 milhões.

E o que chama a atenção é o perfil dos devedores: os jovens entre 18 e 24 anos estão começando a vida financeira endividados, com 7,77% de inadimplência, enquanto os adultos de 30 a 39 anos lideram o ranking, com 26,68%.

As pessoas de meia-idade, de 40 a 49 anos, estão em segundo lugar, com 22,88% de inadimplência, seguidos da faixa de 50 a 64 anos (18,24%), 25 a 29 anos (13,54%), além da faixa de 65 a 84 anos que estão 9,11% com saldo devedor. Por último, estão as pessoas com mais de 85 anos, com apenas 1,19%, mostrando que o ditado popular “escutem os mais velhos”, faz bastante sentido, pelo menos, na questão financeira.

 

Para Elias Sfeir, presidente da Associação Nacional de Bureaus de crédito (ANBC), o cenário é um reflexo do “arco da vida” econômica. “É aquela fase em que o jovem sai de casa, assume compromissos, depois vem casamento, filhos… e as dívidas vão crescendo juntos”, explica.

 

Para Sfeir, a falta de educação financeira desde cedo é um dos principais fatores que levam os jovens ao endividamento precoce

 

“O Amazonas tem 1,55 milhão de inadimplentes, sendo que 1,08 milhão está em Manaus. A capital concentra o problema, mas o comportamento é parecido com o do resto do Brasil”, brinca Sfeir, que não perde a chance de fazer um trocadilho: “Aqui, o que não falta é gente ‘enroscada’ na cobrança”.

 

Jovens começam cedo

Os números mostram que os jovens estão entrando no mercado de crédito cada vez mais cedo, mas sem a devida preparação. “Hoje, com 14 anos, o adolescente já faz Pix, né? Então, a educação financeira tem que começar cedo, no ensino médio”, defende Sfeir.

 

A ANBC tem investido em vídeos curtos e materiais didáticos para ensinar o básico e evitar a inadimplência nos jovens, como vídeos com temáticas: “Tô negativado, e agora?”; “Como melhorar minha nota de crédito?”; “Como evitar fraudes?”. Mas, enquanto a educação não chega, o jeito é aprender de maneira forçada. Sfeir dá dicas para quem já está no vermelho, e quer voltar a gostar dessa cor quente: “Primeiro, liste todas as dívidas. Depois, priorize as mais caras. E, principalmente, não fuja do credor! Negativação é um convite para conversar, não um bicho de sete cabeças”, acrescentou.

 

Um dos mitos que mais pegam os inadimplentes é que a dívida caduca. “Ah, em cinco anos some, né? Não é bem assim”, alerta Sfeir. “O registro negativo some, mas a dívida continua. E, se você não negociar, pode acabar vendida para outra instituição e recomeçar a contagem do zero. Então, é melhor seguir de não fugir e seguir com a negociação”, disse.

 

Para quem já está endividado, a saída é planejamento e, se possível, trocar dívidas caras por mais baratas. “Pegar um empréstimo a 3% para quitar um de 5% pode ser uma boa estratégia, mas tem que honrar o compromisso. Mas para fazer isso, precisa analisar muito para saber se compensa”, reforça.

 

Chave para sair do vermelho

O presidente da ANBC, Elias Sfeir alerta para o consumo compulsivo, que atinge cerca de 10% dos inadimplentes.

 

“Tem gente que quita as dívidas, limpa o nome, e um mês depois já está sujo de novo. É preciso consumir de forma consciente, saber o que cabe no orçamento. Muitos inadimplentes são compulsivos, por isso a família precisa estar em alerta, porque isso pode prejudicar a própria família”, diz.

 

Listar as dívidas, priorizar as mais caras e negociar com os credores são passos essenciais para sair do vermelho, orienta Sfeir

E, para quem está no aperto, a dica é desapegar: “Vende o celular extra, segura a troca do tênis, corta a cervejinha do fim de semana. Às vezes, é preciso apertar o cinto para respirar de novo. Isso vai te ajudar a ter o dinheiro extra. Mas a melhor dica de todas é listar seus gastos. Se você compromete a maioria do seu salário, ou todo, isso já é um sinal que você pode ficar inadimplente”.

Enquanto isso, o Amazonas segue com elevados casos de inadimplência, com números que mostram que o problema ainda está longe de ser resolvido. Mas, como diz Sfeir, “crédito é confiança, e confiança se conquista com diálogo e transparência”. Ou seja, o primeiro passo para sair do vermelho é encarar a cobrança de frente – e, claro, evitar novos comprometimentos da vida financeira.

 

 

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