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O crédito e as micro e pequenas empresas

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As micro e pequenas empresas são uma força importante da economia. Muitas vezes, seus criadores empenham a poupança de toda uma vida para abrir o negócio dos sonhos – uma loja, uma academia, uma pequena fábrica. Com sua realização pessoal, geram renda, emprego e bem-estar aos consumidores que atendem. As MPEs representam cerca de 30% e são responsáveis por 51% dos empregos formais, segundo dados do Serviço Brasileiro de Apoio às Empresas (SEBRAE) e da Fundação Getulio Vargas (FGV).

Nem sempre, porém, essas empresas encontram ambiente favorável para atuar. Os entraves burocráticos se impõem desde o momento de abertura da empresa. Números do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que, em 2018, a taxa de sobrevivência entre empresas menores foi de 74,4%. Já entre as empresas maiores, essa taxa foi de 96,5%.

A crise desencadeada pela pandemia agravou as dificuldades. Ainda de acordo com o SEBRAE e a FGV, 84% notaram queda do faturamento em 2020. Diante disso, a demanda por crédito aumentou: em abril, 30% das MPEs estavam em busca de recursos para seu negócio. Em dezembro de 2020, esse percentual saltou para 52%. Entre as micro e pequenas empresas que demandaram recursos, 34% conseguiram, ante 56% que tiveram o pedido negado.

Seguindo a alta da procura, a oferta de crédito também avançou ao longo de 2020. Dados do Banco Central mostram que o saldo de crédito para pessoas jurídicas registrou avanço de 21,8%. No recorte das micro, pequenas e médias empresas, o avanço registrado foi de expressivos 31,6%.

Os programas de fomento ao crédito para MPEs tiveram papel fundamental nesse resultado. Lançado em março de 2020, o Pronampe destinou recursos a micro e pequenas empresas para capital de giro, investimentos e pagamento de despesas operacionais, com prazo máximo de 36 meses e garantia do Fundo Garantidor de Operações (FGO). Quando, enfim, tivermos realizado a travessia da crise, a grande questão será como garantir acesso mais fácil e sustentado ao crédito.

Essa é uma preocupação que ultrapassa as fronteiras. De acordo com o Banco Mundial, as MPEs têm menor probabilidade de conseguir empréstimos bancários, limitando-se aos próprios fundos ou a recursos de familiares. Dados do International Finance Corporation reportados pelo Banco Mundial mostram que, entre as micro, pequenas e médias empresas, o hiato financeiro, ou seja, a diferença entre a demanda potencial e a oferta de crédito, chega a 87%.

Algumas iniciativas buscam estreitar esse gap financeiro. Podemos citar o projeto que torna o Pronampe permanente, já aprovado pelo Senado Federal, e a recente criação da Empresa Simples de Crédito (ESC). A ESC permite que os indivíduos emprestem seus próprios recursos – e apenas os próprios recursos – a pequenos negócios. Mencionamos ainda as plataformas de empréstimo peer to peer, que conectam investidores e pequenas empresas.

Se é verdade que as restrições de acesso ao crédito existem, também é verdade que uma parte das MPEs consegue satisfazer sua necessidade de recursos. Como, afinal, uma empresa pode aumentar suas chances de obter crédito no mercado? Diferentemente das grandes empresas, as pequenas atuam sem uma área especializada na captação de recursos. Sempre que possível, é bom ter o planejamento para o crédito que exige conhecimento específico. Esse planejamento pode ser feito com recursos internos ou por meio de especialista em crédito terceirizado. Alguns tópicos necessários são: preparação da empresa para receber o crédito por meio de ajustes nas operações; destinação do crédito; preparo de documentação; resultados esperados; e mapeamento das ofertas de mercado para que o sucesso da operação seja bom para a MPE e o credor.

Cadastro Positivo é outro importante aliado das MPEs que estão em busca de crédito. É importante manter os compromissos financeiros em dia porque essa informação ajuda a melhor avaliar o comportamento face ao crédito por meio dos serviços dos birôs de crédito.

As micro e pequenas empresas têm um potencial de crescimento maior do que aquelas que estão no topo. Podem dobrar, triplicar, crescer muito de tamanho. Isso significa que o crédito e a melhora do ambiente de negócios podem trazer ganho incalculável para toda economia, proporcionando empregos e bem-estar social.

 

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

 

 

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