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Crédito e educação financeira para pequenas empresas

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O tema da educação financeira emergiu com força nos últimos anos, impulsionado por entes da sociedade civil e órgãos governamentais. Um recorte necessário desse tema é a educação financeira de micro e pequenos empresários, que tem um escopo específico desdobram-se entre as atividades operacionais e as atividades de gestão do negócio, tão importante quanto as primeiras.

Micro e pequenas empresas financeiramente saudáveis têm maiores chances de sobreviver e crescer, gerando empregos e renda. Da padaria à oficina mecânica, do barbeiro à academia de bairro, essas empresas estão por toda parte. Estimativa do SEBRAE feita com base em dados do CAGED mostrou que as micro e pequenas empresas criaram oito em cada dez empregos formais ao longo de 2023.

Administrar um negócio é um desafio diário. O empreendedor tem que estar pronto para assumir riscos, lidar com as flutuações econômicas, com o aumento da concorrência, insegurança jurídica, além de toda a burocracia que demanda horas de trabalho. Mesmo entregando um produto ou serviço de excelência, a saúde financeira de um negócio pode ser comprometida por falhas na gestão. Nas grandes empresas, as funções são divididas em departamentos, o que nem sempre é possível em estruturas menores. Nesses casos, é fundamental que o empreendedor tenha noções de precificação, gestão de fluxo de caixa e mesmo de planejamento tributário, ainda que possa contar com consultorias eventuais.

Outra competência importante diz respeito à captação de recursos. Como já tratamos nesse espaço, a literatura especializada aponta um “gap” na oferta de recursos financeiros a empresas de menor porte, o que leva muitos desses empresários a utilizarem apenas recursos próprios. A falta de crédito limita os investimentos e o giro do negócio. Algumas práticas podem tornar a gestão mais eficiente e facilitar o acesso a recursos financeiros sob condições mais justas.

A educação financeira de pequenas empresas deve ser focada em três pilares: 1) Pessoa física: Muito se fala sobre a importância de separar a gestão financeira da pessoa física da gestão financeira da pessoa jurídica. Os recursos financeiros devem ser apartados em pessoa física e jurídica com administração distintas. Pouco se fala, no entanto, sobre como o histórico pessoal do empreendedor e de sócios afeta a percepção de risco do negócio, principalmente para fins de análise de crédito. Assim, é fundamental que o empresário adote, como pessoa física, hábitos de educação que irão reverberar do lado da empresa, como a manutenção do bom histórico de pagamentos, conhecimento da sua nota de crédito e atualização de dados cadastrais.

2) Boa gestão do negócio: isso inclui as rotinas financeiras, como administração do fluxo de caixa, planejamento financeiro e decisões estratégicas para a empresa. Para auxiliar nessas tarefas, o micro e pequeno empresário pode contar com o apoio de entidades como o SEBRAE e a CNI, que têm uma atuação reconhecida na capacitação de empresários nas mais diversas áreas e com bastante capilaridade regional.

3) Crédito: para essa finalidade, o histórico da empresa é tão importante quanto o da pessoa física. Sondagens conduzidas pela Associação Nacional de Bureaus de Crédito (ANBC) mostram que os brasileiros estão cada vez mais cientes da importância da nota de crédito. Esse instrumento também está disponível para pessoas jurídicas, reunindo informações importantes sobre a empresa e que podem ser consultadas de maneira fácil através dos birôs de crédito. O Cadastro Positivo, que completou cinco anos, é outro instrumento para a avaliação de crédito de empresas tomadoras de recursos. Das MPE que tem registro no cadastro positivo, cerca de 60% aumentaram sua nota de crédito trazendo melhores condições de crédito.

Conhecer as diferenças entre as modalidades de crédito e ter clareza sobre a finalidade do empréstimo ou financiamento a ser também é fundamental para que a empresa tome uma boa decisão. Há linhas para capital de giro, investimento, limites de cartões de crédito empresariais, modalidades com taxas subsidiadas e de mercado. Outro destaque são os programas de governo como Acredita, Pronampe, Fampe e Crédito Brasil Empreendedor. Os recursos do Programa Nacional de Apoio ao Micro e Pequeno Empresário (Pronampe), por exemplo, podem ser acessados por empresas com faturamento de até R$ 4,8 milhões e oferecem prazo de carência para os pagamentos, além de um custo menor do que a média.

No pilar do crédito, é importante lembrar que as empresas podem ser tomadoras de crédito numa ponta e concedentes na outra. No primeiro caso, a empresa que coloca informações à disposição do mercado conseguem pleitear condições mais justas de crédito. No segundo, é a empresa que utiliza essas informações para reduzir o risco da sua exposição de crédito. A gestão da carteira de crédito, através de ferramentas de recuperação de crédito, também faz parte dessa esteira do crédito.

O debate sobre a inclusão financeira deve considerar o papel das micro e pequenas empresas, dado o seu potencial econômico. Essa inclusão deve ser sustentada na educação financeira, preparando os empreendedores para a gestão do negócio e para a obtenção de crédito de maneira a possibilitar o crescimento dos negócios. A relação Credito x PIB é 54% no Brasil e nos Estados Unidos esta relação é cerca de 200%, nos mostra o potencial de crescimento do Crédito no Brasil. No próximo artigo, mostraremos o tamanho do mercado de crédito para as MPEs e como esse segmento pode elevar a relação crédito-PIB atual.

 

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

 

 

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