Por meio do associativismo, grupos da sociedade conseguem unir forças para obter benefícios e defender pleitos comuns. O cooperativismo nasce com esse mesmo espírito, mas focando no desenvolvimento de uma atividade empresarial. As cooperativas atuam, entre outros setores, na agropecuária, na educação, na saúde e no mercado de crédito.
As cooperativas de crédito prestam serviços financeiros e bancários, como conta corrente, empréstimos, financiamentos e investimentos, mediante autorização e supervisão do Banco Central. Nesse modelo, o cliente também é dono do negócio, cabendo-lhe uma parte na divisão dos resultados e participação na gestão.
De acordo com o relatório anual do “World Council of Credit Union”, essas instituições estão presentes em 118 países, nos seis continentes. No Brasil, segundo a Confederação Nacional de Cooperativas de Crédito (Confebras), há 840 cooperativas atuando no ramo de crédito e mais de 13 milhões de cooperados, espalhados por todas as regiões do país.
Com forte presença e capilaridade no interior, e proximidade com o cliente, o crédito cooperativo é uma opção para populações carentes de cobertura do sistema financeiro tradicional e para micro e pequenas empresas. Dados recentemente divulgados pelo Banco Central mostraram que 50% dos municípios brasileiros contam com uma unidade de cooperativa de crédito – cobertura que alcança mais de 90% dos municípios da região Sul.
O crescimento desse modelo de concessão de crédito foi constante ao longo da última década. A carteira de crédito das cooperativas apresentou crescimento médio de 23% ao ano, passando de R$ 26,4 bilhões para R$ 202,5 bilhões. Durante a pandemia, o crescimento ficou acima da média dos últimos anos e superior ao avanço das carteiras de crédito das demais instituições.
Como no sistema financeiro tradicional, o processo de análise de crédito é importante para a sustentabilidade e o funcionamento do negócio das cooperativas. Desde muito tempo, o setor de birôs de crédito tem contribuído para minimizar o risco de inadimplência por meio dos bancos de dados de inadimplentes.
A novidade é que, numa sondagem recente do Banco Central, as cooperativas de crédito informaram que já estão consultando as informações do Cadastro Positivo, ou que pretendem utilizar em breve. Isso, certamente, contribuirá para fazer o crédito chegar a quem precisa, mantendo o risco sob controle.
A importância do crédito cooperativo levou o BC a incluir o cooperativismo no conjunto de ações que compõem a Agenda BC#, justamente no pilar da inclusão financeira. Esse é um tema que, na avaliação dos birôs, será crucial no pós-pandemia, com a crescente digitalização dos meios de pagamento.
Além de possibilitar o exercício pleno da cidadania, a inclusão financeira promove o desenvolvimento econômico. Um estudo da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (FIPE) comparou, com os devidos controles estatísticos, o desempenho de municípios com e sem cooperativas de crédito e concluiu que a presença dessas instituições pode ser associada a um PIB per capita maior, além de maiores percentuais da população em empregos formais e a um maior índice de empreendedorismo.
Entendemos que, diante do enorme potencial de crescimento do mercado de crédito brasileiro e das transformações que estão ocorrendo nesse setor, as cooperativas serão mais um vetor de concorrência, contribuindo para a inclusão financeira e para o desenvolvimento econômico regional e do país, ao lado de outros modelos de concessão de crédito.
Obrigado pela leitura! Acesse outros conteúdos na página da ANBC.
Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado