O início do ano sempre convida à reflexão. É um momento oportuno para reavaliar alguns hábitos e traçar novas metas e objetivos. As finanças pessoais merecem um espaço nessa análise. Afinal, o desequilíbrio financeiro afeta outras dimensões da vida, como a saúde e o convívio familiar. Neste artigo, compartilhamos dicas sobre a gestão das finanças, destacando o papel que o consumidor tem no fortalecimento do mercado de crédito e apresentando ferramentas que serão úteis ao longo de 2023.
O ponto de partida dessa reflexão deve ser o diagnóstico. É preciso analisar o tamanho do ajuste, confrontando na ponta do lápis todos os ganhos, gastos correntes e dívidas, especialmente aquelas que eventualmente tenham ficado para trás. Se você acredita que é preciso fazer algum ajuste na sua vida financeira, saiba que há muitos outros na mesma situação. Dados dos birôs de crédito apontam que cerca de 40% dos brasileiros adultos estão negativados. Algumas ferramentas podem auxiliar nesse levantamento. Os birôs de crédito colocam à disposição dos consumidores a consulta gratuita da nota de crédito, um indicador construído com base no histórico de pagamento. Além disso, é possível consultar as dívidas em atraso e iniciar as negociações com o credor. Uma sondagem realizada pela Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC) mostrou que, em outubro de 2022, 53% conheciam a própria nota de crédito, ante 47% que desconheciam.
Feitos o diagnóstico da vida financeira e o mapeamento das dívidas, caso haja atrasos, o consumidor deve passar à etapa da negociação, demonstrando aos credores a intenção de quitar as dívidas, negociando juros e multas, e avaliando se a repactuação caberá no seu orçamento, de modo a prevenir novos atrasos. O corte de alguns gastos pode ser necessário até que se restaure o equilíbrio.
O crédito é um grande aliado da vida financeira e das conquistas materiais, desde que usado com sabedoria. No segmento de pessoas físicas, ele funciona como um atalho, permitindo a antecipação do consumo. Essa antecipação tem um custo: a taxa de juros e as tarifas que, juntas, formam o custo efetivo total (CET) da operação. Se o benefício da antecipação do consumo supera o seu custo, o crédito concorre para ampliar o bem-estar do consumidor. Assim, a decisão de contratar alguma modalidade precisa sempre pesar os dois lados: a satisfação proporcionada pela antecipação da renda e o custo envolvido.
E aí começam as complicações. A taxa de juros contratada em uma operação de empréstimo ou financiamento pode ser objeto de negociação e jamais deve ser negligenciada. Os consumidores estão habituados a pesquisar preços de bens e serviços. No mercado de crédito, essa prática também é necessária. Algumas novidades foram criadas justamente para facilitar a comparação, como os marketplaces de crédito. Para auxiliar a negociação, o compartilhamento de informações de crédito tem sido facilitado por meio de ferramentas como o Open Finance e o Cadastro Positivo. Além da taxa de juros, as tarifas podem representar um custo importante e, por isso, devem ser analisadas.
Avaliar qual a modalidade de crédito mais adequada às necessidades do consumidor também faz parte desse processo. Há diversas modalidades de crédito, cada qual com uma taxa de juros e facilidade de acesso. Quando disponíveis, os recursos do cheque especial, por exemplo, podem ser facilmente acessados, mas estão sujeitos a taxas de juros muito superiores às dos empréstimos e financiamentos. Os empréstimos consignados cobram taxas menores, mas envolvem processo burocrático, além de dependerem de convênios entre a empresa em que o consumidor trabalha e a instituição financeira. Feita a análise dos custos e da modalidade, é preciso refletir sobre o impacto da contratação de crédito no orçamento, levando em consideração os compromissos já assumidos e as despesas para a manutenção da sua rotina.
Esses cuidados ajudam o consumidor a evitar desequilíbrios financeiros e a manter o canal do crédito sempre aberto. E mais do que isso: ao construir um histórico de pagamentos em dia, o consumidor conquista mais chances de obter crédito em condições melhores. A sondagem conduzida pela ANBC mostrou que 86% dos consumidores sabem o que é o Cadastro Positivo e que 76% têm uma percepção favorável dessa ferramenta. Essa percepção precisa ser cada vez mais incorporada ao comportamento de crédito, incentivando a pontualidade nos pagamentos.
Nos últimos anos, os birôs de crédito vêm aprimorando os produtos e serviços para esse público, com a disseminação da educação financeira. O setor reconhece o papel fundamental do consumidor no fortalecimento do mercado de crédito.
Obrigado pela leitura! Acesse outros conteúdos na página da ANBC.
Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado