Recentemente, fizemos um balanço das discussões do G20 sobre a inclusão financeira de pessoas físicas. Destacamos os avanços obtidos na bancarização e os desafios que ainda restam pela frente. Sob a presidência do Brasil, a Trilha de Finanças do G20 também pautou a inclusão de micro e pequenas empresas – um tema crucial para o desenvolvimento econômico e que tem merecido a atenção do setor dos birôs de crédito há muitos anos.
O documento “Action Plan for Micro, Small and Medium Enterprise Financing” de dezembro de 2024 reúne as contribuições do G20 sobre o tema do financiamento das empresas de pequeno porte, destacando indicações de políticas para promover a inclusão financeira.
Desafios do Crédito para Pequenos Negócios
Muitas pequenas empresas desconhecem as possibilidades que o crédito oferece, como capital de giro e expansão dos negócios. No entanto, quando buscam, enfrentam dificuldades para obter crédito devido à falta de relatórios financeiros e garantias. Como tomam menos recursos do que as maiores e exigem um esforço maior no processo de avaliação de riscos as concedentes de crédito prefiram focar em grandes companhias.
Inovações no Crédito
Em geral, quando os pequenos empresários recorrem a alguma fonte de financiamento externo, a opção é o empréstimo bancário. No entanto, essa não é a única possibilidade. A inovação financeira é uma solução para ampliar o acesso ao crédito. As fintechs, por exemplo, reduzem os custos de transação e aplicam inteligência de dados para melhorar a análise de crédito. Isso diminui o risco das operações e facilita o acesso ao crédito para pequenas empresas. Além disso, as fintechs oferecem serviços como gerenciamento de vendas, emissão de boletos e antecipação de recebíveis em um único aplicativo.
O relatório do G20 destaca outra inovação importante: o chamado “embedded finance”, que permite que empresas de diversos segmentos integrem soluções financeiras aos outros serviços já prestados. A vantagem desse modelo é que essas empresas conhecem seus clientes – pessoas físicas ou jurídicas – com base na relação comercial que já mantêm e no histórico dessa relação.
Propostas para Inclusão Financeira
O Plano de Ação do G20 propõe políticas horizontais e verticais para melhorar a inclusão financeira. Entre as medidas horizontais, destacam-se o aprimoramento dos sistemas de informação de crédito, o fortalecimento do sistema de recuperação de garantias e medidas de incentivo à competição. Indo além do básico, o documento propõe o desenvolvimento do mercado de capitais para permitir uma alternativa ao financiamento por meio de empréstimos bancários. Assim, uma empresa de menor porte poderia levantar capital sem precisar cumprir todos os requisitos de uma oferta pública de ações.
As políticas verticais incluem a criação de linhas de crédito pelo governo, oferecidas por instituições intermediárias ou bancos de desenvolvimento e agências de fomento, e a criação de fundos garantidores como forma de mitigar o risco de crédito. O plano prevê maior impacto fiscal com essas medidas do que as horizontais, portanto, devem ser transparentes e constantemente submetidas à avaliação de impacto.
Se esses temas soam familiar ao leitor, é porque estiveram presentes no debate brasileiro ao longo dos últimos anos. Medidas horizontais importantes foram implementadas para modernizar o mercado de crédito no país. E, sobretudo durante a pandemia, ações direcionadas também foram implantadas. Os efeitos começam a aparecer nos dados: a proporção do saldo de crédito para MPMEs voltou a crescer, de acordo com dados do Banco Central, chegando a 45,7% em janeiro de 2025 – em julho de 2018, essa proporção chegou a 34,4%.
Em linhas gerais, esse foi o panorama elaborado pela Trilha de Finanças do G20. A presença desse tema no fórum permite o compartilhamento de experiências entre os países e revela a importância da inclusão financeira de pequenas empresas para os projetos de desenvolvimento econômico do país.
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