Nos últimos anos, experimentamos grandes mudanças na forma de pagar, receber e acessar os diversos serviços financeiros. O avanço tecnológico é um dos vetores dessas transformações. Comparecer a uma agência bancária é opção cada vez mais rara. A menos que o consumidor prefira o presencial, pode resolver quase tudo a distância.
De acordo com a última edição da Pesquisa de Tecnologia Bancária, da Febraban, as transações via mobile e internet banking representaram 67% do total de transações bancárias em 2020, suplantando as formas presenciais. Essa tendência, que já era marcante antes da pandemia, foi reforçada pela necessidade de distanciamento.
Mais do que uma mudança na forma de atendimento, a digitalização dos serviços financeiros contribui para reduzir as barreiras nesse mercado e incentivar a concorrência. Isso significa, para o consumidor, agilidade, conveniência e a possibilidade de redução no custo de crédito e de tarifas.
Pesquisar as condições de um empréstimo, comparando prazos, tarifas e taxa de juros, é tão importante quanto pesquisar os preços de bens e serviços. Para facilitar essa busca, hoje os consumidores dispõem de marketplaces de crédito, que permitem avaliar diferentes propostas e tomar decisões melhores.
A digitalização também favorece a inclusão financeira. Em 2020, a Caixa Econômica Federal abriu muito rapidamente mais de 105 milhões de contas do tipo Poupança Social Digital, possibilitando o acesso de mais de 35 milhões de brasileiros aos produtos bancários básicos, segundo números divulgados pela instituição.
Paralelamente a essa mudança, a gestão das finanças pessoais foi facilitada pelos birôs de crédito, que permitem – há algum tempo – a consulta da situação cadastral do próprio CPF ou de um CNPJ. Os registros estão na palma da mão e tanto informações sobre negativação quanto a nota de crédito (score) podem ser consultadas de forma rápida e gratuita, empoderando o consumidor e a pessoa jurídica. Esse diagnóstico é o primeiro passo para o saneamento das contas de consumidores e empresas. O passo seguinte são os feirões de renegociação de dívidas promovidos pelos birôs, que também já estão disponíveis nos canais digitais. Essas ações interessam a credores e devedores, contribuindo para a saúde financeira de famílias e empresas, além de serem benéficas para a economia.
Toda essa transformação vai além da forma. O volume de dados processado pelos birôs cresceu exponencialmente e passou a ser tratado com ferramentas de Analytics, agregando modelagem estatística, computação e conhecimento de negócios, além de trazer simplicidade à complexidade. Essa junção permite transformar a gigantesca quantidade de informações em inteligência, indispensável nos processos de análise de risco e nas demais etapas do ciclo de negócios.
Outra transformação importante está ocorrendo na forma como pagamos, recebemos e transferimos recursos. Os cartões de crédito e débito seguem crescendo, mas outras novidades já se impõem. Os números sobre o PIX, criado pelo Banco Central do Brasil, falam por si: faltando alguns meses para completar o primeiro ano de operação, o sistema já contabiliza 280 milhões de chaves cadastradas e quase 100 milhões de usuários, segundo dados de julho de 2021. Esse sucesso tem sido medido praticamente em tempo real, algo que só a digitalização pode permitir.
Além das transferências e pagamentos já usuais, o PIX Garantido, anunciado recentemente, permitirá o pagamento agendado e parcelado, funcionando como uma modalidade de crédito. Da mesma forma que o pagamento instantâneo se coloca como uma alternativa ao uso do débito, o PIX Garantido poderá ser uma alternativa aos cartões de crédito. E há mais novidades no radar: Open Banking sendo implementado e autoridades monetárias de vários países estudando a criação de moedas digitais oficiais, inclusive no Brasil.
Todo esse cenário de evolução vem sendo de alguma forma integrado à atividade dos birôs, especialmente nos aspectos relacionados à inteligência no ciclo do crédito. Ao longo da sua história, o setor incorporou a fronteira tecnológica ao seu negócio, refinando a análise de crédito e contribuindo para a solidez da economia e do mercado de crédito brasileiro, sempre com o objetivo de reduzir a assimetria de informação no mercado de crédito e, ao mesmo tempo, de ajudar consumidores a praticar o controle financeiro, estimulando o consumo consciente e o crédito responsável.
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Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado