crédito e inadimplência

Crédito e inadimplência: um recorte geracional

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Crédito e inadimplência

Os dados de inadimplência, frequentemente divulgados pelo setor dos birôs de crédito permitem analisar esse fenômeno por faixas etárias. A abertura das informações convida a algumas reflexões necessárias. Considerando o conjunto da população, cerca de quatro a cada dez brasileiros com idade acima de 18 anos entraram em 2025 com o nome negativado

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Fonte: Setor dos birôs de crédito

Oque observamos é uma concentração do percentual grande dos 25 a 50 anos.

Afinal, o que leva metade dos brasileiros com essa idade à inadimplência? E como evitar que os mais jovens repitam esse padrão?

Para melhor entender o fenômeno é importante entender os desafios econômicos e sociais que as gerações enfrentam.

O Arco da vida mapeia estes eventos:

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Fonte: Kantar Ibope

A fase dos 30 anos corresponde, cada vez mais, ao momento de saída de casa e essa mudança vem se tornando mais frequente na faixa dos 25 a 34 anos. A saída da casa dos pais implica assumir novos compromissos financeiros. Além disso, esse é o momento de construção da carreira profissional e raramente corresponde ao auge salarial.Já na faixa dos 35 a 44 anos temos o impacto da compra do primeiro imóvel.

É no acúmulo desses compromissos que muitos se perdem, chegando, no limite, à situação de inadimplência. Os dados de inadimplência mostram ainda que, em faixas etárias mais elevadas, o percentual de negativados diminui, refletindo a estabilização profissional e, consequentemente, da vida financeira. Entre os mais jovens, com idade entre 18 a 24 anos, constata-se uma taxa de inadimplência menor, de 28,9%, refletindo o fato de que o acesso aos serviços financeiros é mais limitado nessa faixa etária.

A faixa etária dos 18 a 24 anos engloba a chamada geração Z, nascida entre meados dos anos 90 e 2010. Embora seja menor o do que na população geral, o acesso dos mais jovens aos serviços financeiros vem crescendo nos últimos anos. Segundo o Global Findex, do Banco Mundial, o percentual de jovens de 15 a 24 anos com conta bancária mais do que dobrou entre 2011 e 2021, passando de 36,3% para 79,9%. Já a posse de cartão de crédito passou de 32,5% para 70,1%. É muito provável que, para os mais jovens dessa geração, a primeira e única forma conhecida de transferência de dinheiro tenha sido o PIX e que o relacionamento bancário ocorra através de uma tela.

Graças à ampliação do acesso aos serviços financeiros, os mais jovens devem chegar à faixa dos 30 com mais tempo de uso desses serviços do que as gerações anteriores, para o bem ou para o mal. Isso porque o histórico de relacionamento financeiro que esses jovens estão construindo tem um peso cada vez maior na análise de crédito. O uso impulsivo do crédito hoje pode comprometer o acesso ao crédito de amanhã, justamente em uma fase da vida em que é mais comum as pessoas buscarem financiamentos.

Pensando no futuro do crédito, é fundamental orientar esse público, prestes a assumir os compromissos da vida independente, a fim de que tenham uma relação saudável com o crédito e maior bem-estar. A disseminação da educação financeira, cada vez mais presente nas escolas, é um grande aliado nesse processo.

Os jovens precisam ser orientados, desde cedo, sobre a importância do controle financeiro feito de forma sistemática e sobre como o planejamento ajuda na formação de uma reserva financeira. Além disso, é valioso conhecer as características de cada produto financeiro e de crédito, para fazer um uso eficiente desses serviços. Dados de um estudo do Banco Central sobre o impacto de longo prazo da educação financeira mostram que, entre os jovens expostos a esse conhecimento durante a fase escolar, a probabilidade de inadimplência, anos depois, foi menor do que a verificada entre os demais, como já repercutimos neste espaço.

A importância da orientação financeira também vale para os mais velhos, sobretudo para aqueles que estão nas estatísticas de negativados. O início do ano é uma boa oportunidade para reorganizar as finanças, estabelecer metas, definir prioridades e, no caso de haver atrasos, buscar a renegociação das dívidas. Uma boa forma de começar é pelo diagnóstico da vida financeira, consultando a nota de crédito através dos birôs.

A evolução da inadimplência depende de variáveis conjunturais, como a renda, e de fatores comportamentais. A conjuntura pode mudar rapidamente. Já as mudanças de comportamento e assimilação de bons hábitos financeiros requerem tempo. Daí a necessidade de investir na capacitação financeiras dos mais jovens, de modo que eles levem as boas práticas para a vida adulta e estabeleçam uma relação saudável com o crédito.

 

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

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