mercado global de crédito

O que vai influenciar o mercado global de crédito neste ano?

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Crédito é manifestação econômica de uma confiança no futuro. Assim sendo, dada a complexidade que vivemos hoje, essa confiança no futuro é impactada pelas forças de evolução da nossa sociedade, como economia, política, tecnologia, negócios e valores. Veja abaixo fatores que devem influenciar o mercado de crédito global em 2020.

RISCO DE RECESSÃO GLOBAL

A expectativa de crescimento médio dos países nos próximos dois anos é baixa Ainda assim, de acordo com a agência de classificação de risco Moody´s, o mundo não deve entrar em uma recessão neste ano ou no próximo. No entanto, as condições estruturais não são das melhores, com a predominância de crescimento baixo, inflação baixa e espaço limitado para políticas monetárias. Em outras palavras, falta estímulo para o investimento produtivo, o que é ruim para o crédito.

Ainda segundo a Moody´s, os países do G20, que reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia, devem crescer em média 2,6% em 2020 (a mesma taxa do ano passado), com Estados Unidos e China desacelerando. Já os países emergentes que integram o G20 devem crescer um pouco mais do que no ano passado: uma taxa média de 4,6% – em comparação com a de 4,3% estimada para 2019.

TENSÃO NO COMÉRCIO ENTRE OS PAÍSES

A crise comercial entre Estados Unidos e China, ainda que pareça perto do fim, pode ter desdobramentos não apenas entre eles. Se as políticas protecionistas virarem a regra, o mercado global vai sofrer, especialmente os países em desenvolvimento, que utilizam as exportações como uma das principais geradoras de crescimento do PIB.

Outra iniciativa em andamento é o Brexit que traz incertezas para a União Europeia no cenário econômico global. Há ainda novos desafios trazidos pela tecnologia ao relacionamento entre os países. A França começou a taxar os gigantes da internet – entre eles o Google, a Apple, o Facebook e a Amazon. Em dezembro do ano passado, como forma de retaliação, os Estados Unidos ameaçaram taxar em até 100% produtos franceses como queijos, roupas, champanhe e cosméticos. E tem mais: também em 2019, no segundo semestre, o governo americano passou a aplicar sanções em relação a produtos fabricados pela União Europeia. As tarifas sobre produtos da UE totalizaram 7,5 bilhões de dólares e atingiram aviões, vinhos, queijos e material de construção.

Todos esses movimentos desestimulam a atividade econômica, especialmente dos setores produtivos dependentes da exportação. O empresário fica relutante em contratar crédito e prefere aguardar um momento mais propício.

INSTABILIDADE GEOPOLÍTICA

A ação promovida pelos Estados Unidos no Iraque, contra o mais importante general iraniano, colocou o mundo em alerta devido a uma possível escalada militar no Oriente Médio. Um potencial conflito nesta região impacta o custo do petróleo e por consequência os custos de energia. A possibilidade de conflito global tem se reduzido, em parte, devido às implicações econômicas para os envolvidos e o resto do mundo.

Como sabemos, independentemente de causar um choque sobre o mercado petrolífero, a instabilidade política faz com que empresas e consumidores optem por postergar investimentos para médio a longo prazo, evitando dessa forma a contratação de crédito.

Temos também eleições americanas em 2020, com a possibilidade de mudança na orientação da economia americana a respeito das iniciativas liberais e da política econômica externa dos Estados Unidos.

As crises políticas em Hong Kong e em alguns países da América Latina, por sua vez, impactam a atividade econômica e trazem riscos para as operações de negócios.

ATIVOS COM JUROS NEGATIVOS CADA VEZ MAIS COMUNS

Há um número cada vez maior de ativos em todo o mundo com remuneração de juros muito baixa ou até mesmo negativa. As autoridades monetárias estão, portanto, com uma margem muito reduzida para agir no sentido de buscar o aquecimento da economia.

Em um cenário de instabilidade, é comum a busca de proteção dos ativos atraves de títulos do governo, financiando dessa forma o déficit público. Nesse cenário, os investimentos de maior risco ficam para depois. Essa escolha por proteção tem um efeito importante: a desaceleração econômica.

NOVAS TECNOLOGIAS E FORMAS DE AVALIAÇÃO DOS NEGÓCIOS

O mercado de crédito está utilizando cada vez mais  recursos tecnológicos ou digitais. A avaliação da capacidade de pagamento do tomador de crédito é feita a partir de diversas variáveis que podem ser mensuradas em questão de segundos. A ascensão das fintechs de crédito e dos bancos digitais vem alterando a forma como os clientes interagem com as instituições financeiras.

Sobre a forma de avaliação dos negócios, destaque para o método ESG sobre o qual escrevi aqui no LinkedIn. Esta é uma preocupação com a sustentabilidade dos negócios movendo investidores a terem a perspectiva de sócios. Recentemente, os fundos de private equity anunciaram que irão concentrar esforços em mostrar que sua forma de avaliar as empresas a partir de fatores ambientais, sociais e de governança vai muito além de branding. Ou seja, eles querem demonstrar para o mercado que o ESG é de fato importante e deve ser cada vez mais utilizado para avaliar a viabilidade de todo e qualquer investimento.

Certamente 2020 será um ano caracterizado por várias mudanças. Nesse cenário global o Crédito impactará e será impactado. O Crédito irá migrar para as economias com potencial de crescimento e baixo risco oferecendo recursos a países emergentes com políticas liberais equilibradas, conjuntura econômica estável e ambiente amigável de negócios.

Aos que se interessam por analise de risco o WEF acabou de divulgar os riscos para 2020:

http://reports.weforum.org/global-risks-report-2020/shareable-infographics/

O Brasil tem conjugação de fatores favoráveis: sociedade ávida por mudanças, um Congresso reformista, uma economia com potencial de crescimento e espaço para ampliar a oferta de Crédito. O sucesso depende da velocidade das mudanças…..

 

Obrigado pela leitura! Acesse outros conteúdos na página da ANBC.

 

elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

 

 

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