mercado de crédito em 2022

A vez do consumo e das pequenas empresas: um balanço do mercado de crédito em 2022

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Com a divulgação dos números do mercado de crédito referentes a dezembro de 2022, é possível fazer um balanço do último ano. Os dados consolidados estão na casa dos trilhões: de acordo com o Banco Central do Brasil, o saldo de crédito chegou a R$ 5,33 trilhões. Esse número representa o valor das operações de crédito ativas e feitas por meio do Sistema Financeiro Nacional.

Esses trilhões representam 54,1% do PIB. Nem sempre a proporção foi essa. Ao longo das duas últimas décadas, o país assistiu a um avanço gradativo do mercado de crédito, que passou de cerca de 25% do PIB, em 2021, para o patamar atual. Alguns percalços surgiram pelo caminho. Na esteira da crise de 2014-2016, o mercado de crédito encolheu para cerca de 45% do PIB em meados de 2018A recuperação veio a partir de 2020, justamente no meio de outra crise: durante a pandemia, esse mercado foi mobilizado para garantir a sobrevivência das empresas e a solvência das famílias.

Algumas considerações sobre o perfil do crédito ajudam a compreender o momento desse mercado. No último ano, o crédito cresceu mais no segmento de pessoas físicas do que no segmento de pessoas jurídicas. Com isso, a fatia do crédito nas mãos de pessoas físicas avançou e segue representando mais da metade (60%) da carteira de crédito do Sistema Financeiro Nacional.

De acordo com os dados do Banco Central, o crescimento nominal do crédito a pessoas físicas foi de 17,4% em 2022, muito acima da inflação, o que mostra um crescimento real. Já o crescimento do crédito a empresas foi de 9,3% – um avanço bem menor do que o verificado no segmento de PF.

mercado de crédito em 2022

No segmento de PJ, outro detalhe merece destaque: o crédito a MPEs registrou avanço maior do que o crédito concedido a grandes empresas. O avanço nominal do crédito aos pequenos negócios(de 15,3%; enquanto, entre as grandes empresas, o índice ficou em 3,7%. A maior fatia ainda é destinada a empresas de grande porte, embora essa diferença venha caindo nos últimos anos. Em suma, mesmo com os percalços e choques inesperados, a tendência de longo prazo de crescimento do crédito se mantém. Essa tendência é importante para que o Brasil se aproxime da relação crédito/PIB observada em outros países mais evoluídos na disciplina de crédito. Seguindo a métrica do Fundo Monetário Internacional (FMI), com dados de 2020, o Brasil tem uma relação crédito/PIB menor do que a média mundial, onde essa relação chega a 147% do PIB,, e fica abaixo de países como Chile (124,6%) e muito abaixo dos Estados Unidos (216%).

Os vetores atuantes sobre o desempenho do mercado de crédito podem ser divididos em conjunturais e estruturais. A conjuntura tem favorecido pouco o avanço do crédito: as taxas de juros médias subiram cerca de 5 pontos percentuais ao longo do ano de 2022. O crescimento da inadimplência revela outra dificuldade conjuntural. Dados dos birôs de crédito apontam para crescimento expressivo do número de negativados ao longo de 2022. Com isso, o país vem se aproximando da marca inédita de 70 milhões de consumidores com o nome registrado em algum birô.

Por outro lado, algumas transformações estruturais favorecem o avanço do crédito, como a implantação do Cadastro Positivo com inclusão automática de consumidores e empresas, o que possibilitou a inclusão de tomadores potenciais que até pouco tempo atrás viviam à margem do mercado.

Neste ano, os aspectos conjunturais exigem especial atenção para que o crescimento recente do crédito se mantenha. E a verdade é que a conjuntura muda e as transformações ficam. Olhando para o futuro, a agenda de transformações deve seguir modernizando o mercado de crédito e colocando o Brasil mais próximo do que se observa no mundo.

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente da ANBC & Membro do Conselho Climático da Cidade de São Paulo & Conselheiro Certificado

 

 

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