Source: Carta Capital – 17/05/2025
Instituições financeiras apostam em apps, dados e inteligência artificial para evitar inadimplência e promover bem-estar financeiro
O Brasil chegou a 200 milhões de pessoas com algum tipo de relacionamento com o sistema financeiro.
Apesar disso, 76,1% da população está endividada.
Esse cenário levanta dúvidas sobre o real alcance da inclusão financeira e força uma reavaliação por parte do governo e dos bancos.
Segundo a Associação Nacional dos Bureaus de Crédito (ANBC), a prioridade precisa ir além do acesso: é necessário investir na educação financeira dos brasileiros.
O alerta foi feito ao G20 em fevereiro e reacendeu o debate sobre o papel das instituições financeiras na prevenção da inadimplência.
Em 2023, o Banco Central publicou a Resolução Conjunta nº 8.
O texto obriga bancos e demais instituições financeiras a implementarem iniciativas voltadas à educação financeira.
Entre os objetivos estão melhorar a tomada de decisão do consumidor e fortalecer o relacionamento com os clientes.
Essas ações devem ser acessíveis e envolver temas como planejamento financeiro, uso responsável do crédito e construção de reservas de emergência.
Para Enrique Ramos O’Reilly, presidente da Moneythor nas Américas, apenas abrir uma conta não garante a inclusão financeira.
Segundo ele, os bancos precisam atuar como orientadores, aproveitando os dados que já têm sobre os hábitos dos clientes.
“O banco deve ajudar antes que a dívida se forme. Isso é possível com tecnologia, dados e inteligência artificial”, afirma.
Estudos recentes mostram que o endividamento afeta mais do que o orçamento.
Entre os entrevistados com dívidas em atraso, 82% relataram impactos negativos na saúde mental ou física.
A preocupação com a estabilidade financeira se tornou uma das principais angústias da população.
Nesse contexto, os bancos são desafiados a oferecer mais do que crédito: precisam construir relações de apoio contínuo com seus clientes.
Sete em cada dez transações bancárias no Brasil são feitas pelo celular.
Entre os consumidores latino-americanos, 53% esperam ofertas personalizadas e 62% desejam que as empresas antecipem suas necessidades.
A hiperpersonalização passou a ser uma exigência.
Para Enrique, os apps bancários estão na posição ideal para entregar esse novo padrão de relacionamento.
A Moneythor lançou recentemente na América Latina a plataforma Empower.
A solução oferece ferramentas para que os bancos auxiliem seus clientes na gestão de gastos e organização financeira.
A plataforma inclui dicas personalizadas, sugestões de orçamento e incentivos gamificados para estimular hábitos saudáveis.
Segundo Enrique, a proposta é transformar o banco em um parceiro próximo e acessível.
Com isso, é possível reduzir inadimplência, fortalecer o vínculo com o cliente e estabelecer um novo padrão de inclusão financeira.