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Transformando Recebíveis em Liquidez: O Futuro do Crédito no Brasil

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Em abril, tive a oportunidade de participar do seminário “O mercado de recebíveis – uma oportunidade de negócio ou de crédito para seu negócio”, promovido pela ANFAC. O evento foi um bom momento para refletir sobre o futuro do crédito empresarial no país e sobre a importância do fomento comercial e da diversificação dos instrumentos de crédito.

Nas economias modernas, as empresas buscam recursos com duas finalidades básicas: viabilizar a operação dos negócios e realizar investimentos produtivos visando o aumento da produção futura. Para isso, recorrem ao mercado de crédito ou ao mercado de capitais. No mercado de crédito, as operações assumem a forma de empréstimos e financiamentos, permitindo que as empresas antecipem recursos mediante o pagamento de juros. No mercado de capitais, as operações são mais complexas e conectam empresas e investidores por meio da emissão de ações e títulos, como debêntures, compartilhando o risco dos seus projetos.

Por envolver operações mais complexas, a utilização do mercado de capitais ainda é incipiente, sobretudo quando se considera a realidade das micro e pequenas empresas. Esse quadro, no entanto, começa a mudar. De acordo com dados da ANBIMA, em 2024, as empresas captaram o valor recorde de R$ 783,4 bilhões, o que representa um crescimento de 66,7% na comparação com 2023.

Os chamados “recebíveis” são instrumentos que podem ser usados no mercado de crédito e no mercado de capitais. Um recebível é um crédito que uma empresa tem a receber de um terceiro. Em geral, esse crédito decorre da venda a prazo de algum bem ou da prestação de um serviço. Por meio do mercado financeiro, esses direitos de crédito podem ser antecipados, dando mais liquidez às empresas.

Fora das instituições financeiras, as operações com recebíveis também podem ser viabilizadas por empresas especializadas. Factoring é uma operação financeira em que uma empresa vende seus recebíveis com desconto a uma empresa especializada nessas operações. A empresa de factoring assume o risco de inadimplência e fornece liquidez imediata à companhia vendedora. Essa operação é especialmente útil para pequenas e médias empresas que precisam de capital de giro rápido.

Já a securitização é o processo de transformar ativos financeiros, como recebíveis, em títulos negociáveis no mercado de capitais. Esses títulos são vendidos a investidores, proporcionando liquidez imediata às empresas que originaram os recebíveis. A securitização permite que as empresas diversifiquem suas fontes de financiamento e reduzam o risco de crédito, transferindo-o para os investidores. Segundo dados da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (ANBIMA), as emissões de títulos de securitização no Brasil alcançaram R$ 182,6 bilhões em 2024, refletindo a crescente importância desse mecanismo no mercado financeiro.

No mercado de crédito, as operações que antecipam esses recursos representam uma fatia expressiva do crédito empresarial. De acordo com dados do Banco Central do Brasil, o saldo de crédito com operações de desconto de duplicatas chegou a R$ 204,9 bilhões em março de 2025, o que representa 13% do saldo de crédito livre. Já as operações de antecipação de fatura de cartão de crédito chegaram R$ 87,4 bilhões – o equivalente a 5,7%. Olhando adiante, a criação da duplicata eletrônica deve dinamizar as operações de crédito de desconto de duplicatas, dando mais agilidade e segurança no processo de concessão desses recursos.

No mercado de capitais, vale destacar o crescimento dos Fundos de Investimento em Direitos Creditórios, conhecidos pela sigla FIDC, estão ganhando cada vez mais espaço. Como fundos de investimento, os FIDCs reúnem os recursos de diversos investidores com o compromisso de destinar pelo menos metade do seu patrimônio à aquisição de recebíveis de empresas de diversos setores. Ao adquirir esses recebíveis com desconto, o fundo antecipa os recursos que as empresas receberiam a prazo.

Uma mudança recente ampliou o alcance desses fundos. Até outubro de 2024, apenas investidores qualificados e profissionais podiam investir em FIDCs. Agora, esses fundos também estão acessíveis para pessoas físicas. De acordo com dados da ANBIMA, em 2024, as empresas captaram um R$ 81,4 milhões, com aumento de 86,1% na comparação com 2023. Embora os números ainda sejam pouco expressivos na comparação com outros instrumentos do mercado de capitais, merece destaque a evolução recente.

Acompanhando a evolução do mercado brasileiro, as soluções dos birôs fornecem inteligência para decisões de crédito que vão além dos instrumentos mais convencionais. As informações da carteira de recebíveis, por exemplo, tornam-se um ativo valioso quando incorporadas à análise de crédito de uma empresa. Além disso, o próprio gerenciamento da carteira de valores a receber, incluindo os processos de cobrança, pode ser feito por meio de soluções dos birôs.

Pensar sobre a evolução da relação crédito-PIB vai além do crédito bancário. Os dados do Banco Mundial sobre a relação crédito-PIB consideram a fatia do mercado de capitais e mostram que o Brasil está abaixo da média mundial, conforme destacamos neste espaço. O crescimento sustentável da oferta de crédito requer a modernização de diferentes mercados, incluindo o de recebíveis.

Transformar recebíveis em liquidez é um passo crucial para o futuro do crédito no Brasil, pois permite que as empresas tenham acesso rápido a recursos financeiros, melhorando seu fluxo de caixa e possibilitando investimentos em crescimento e inovação. Isso, por sua vez, fortalece a economia como um todo, promovendo um ambiente de negócios mais dinâmico e resiliente.

 

 

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elias sfeir

 

Por: Elias Sfeir Presidente de ANBC & Miembro del Consejo Climático de la Ciudad de São Paulo & Concejal Certificado

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