As cooperativas de crédito oferecem serviços financeiros como conta corrente, cartões de crédito, empréstimos e financiamentos. Elas são formadas com base nos princípios do associativismo e atuam sem fins lucrativos, sob supervisão do Banco Central. Para acessar os serviços de uma cooperativa de crédito, é preciso associar-se mediante uma contribuição financeira para o capital social da instituição. Como contrapartida, o associado pode usufruir dos serviços oferecidos pela cooperativa e participar das decisões por meio do voto, além de ter parte nos resultados financeiros.
De acordo com o Panorama do Sistema Nacional de Crédito Cooperativo, o número de cooperados no país cresceu 10,6% em 2024, alcançando 16,2 milhões de pessoas físicas e 3 milhões de pessoas jurídicas. O ritmo de crescimento foi expressivo, embora tenha ficado ligeiramente abaixo do observado no ano anterior (11,4%).
O crescimento da base de associados veio acompanhado da aceleração do crescimento da carteira de crédito. Em 2024, avanço da carteira de empréstimos e financiamentos das cooperativas de crédito foi de 16,2% no segmento de pessoas físicas (PF), com destaque para as operações de crédito sem consignação, que cresceram 26,7%. Para comparação, no Sistema Financeiro Nacional (SFN), o crescimento da carteira de crédito para PF foi de 12,6% em 2024.
No segmento de pessoas jurídicas, o avanço da carteira de crédito das cooperativas foi ainda maior, chegando a 22,4% em 2024. Aqui, vale destacar a participação crescente das cooperativas de crédito na carteira de empréstimos e financiamentos concedidos a micro e pequenas empresas. Do total de recursos concedidos a micro e pequenas empresas, 18,8% vieram do SNCC. Em 2020, esse percentual era 12,7%.
Na análise dos dados regionais, aparecem diferenças relevantes entre as regiões do país. O Sul apresenta a maior participação do crédito cooperativo com relação ao crédito total da região, com 18,3%. No país como um todo, o crédito cooperativo representa 8,3% da carteira de crédito.

Os dados do Panorama mostram ainda que a presença física das cooperativas de crédito cresceu em todas as regiões, alcançando 3.229 municípios. E mais: o número de municípios em que as cooperativas são a única opção presencial para obtenção de serviços financeiros passou de 368 em 2023 para 469 em 2024. Embora exista a tendência crescente do digital, a realidade diversa do país ainda reserva – e reservará por algum tempo – um papel importante para as agências físicas.
No mapeamento do risco de crédito, ao longo dos últimos anos, o percentual de ativos problemáticos da carteira de pessoas físicas do SNCC aproximou-se do observado nas demais instituições; no segmento de empresas, esse percentual parou de crescer nos últimos meses, mas permanece em patamar elevado. Esses dados merecem atenção, sobretudo diante da conjuntura mais desafiadora de 2025.
Ao longo deste ano, a taxa básica de juros chegou a 15% ao ano, o que eleva o custo de captação para as instituições financeiras e afeta o apetite na oferta de crédito. Além disso, como mostram os dados dos birôs de crédito, a inadimplência segue avançando, bem como os indicadores de endividamento. O quadro atual é, em suma, mais um teste de resiliência para o crédito cooperativo e reforça a importância de uma análise de crédito criteriosa, a fim de que o crescimento desse segmento do crédito continue a ocorrer de forma sustentável.
As cooperativas de crédito são um fenômeno global. Dados do World Council of Credit Union mostram que, em 2023, essas instituições estavam presentes em pelo menos 104 países, em todos os continentes e somavam mais 411 milhões de associados – ante 403,9 milhões em 2022. Nas economias modernas, o sistema financeiro existe para promover o encontro entre poupadores e tomadores de recursos. As cooperativas de crédito são mais um modelo de intermediação. A atuação regional e setorial faz dessas instituições um vetor de concorrência e democratização do acesso ao crédito.
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